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terça-feira, 4 de maio de 2010

Já pensou em ser empreendedor?


Quem nunca sonhou no trabalho dos sonhos? Aquele onde você se sente feliz, que lhe traga satisfação, e ainda tivesse uma excelente remuneração... É parece mesmo utopia, mas para algumas pessoas isso se tornou realidade. Pessoas que foram ousadas, e queriam ir além do comum, do tradicional, não queriam só conseguir um emprego e ganhar dinheiro, elas sempre foram muito além disso. Elas queriam construir uma história de sucesso, tornarem-se seus próprios patrões. São os tão conhecidos empreendedores.

Existe alguma formula mágica para obter sucesso no mundo dos negócios?

Certamente que não. Ser um empreendedor de sucesso depende de vários fatores, muito trabalho e da vontade de fazer acontecer, que aliados poderão contribuir ou não para o sucesso do negócio. Quanto as características pessoais, o Sebrae destaca alguns pontos que considera essenciais para um bom empreendedor:

- Assumir riscos – Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso aprender a administrá-los. Arriscar significa ter coragem para enfrentar desafios, ousar a execução de um empreendimento novo e escolher os melhores caminhos, conscientemente;
- Aproveitar oportunidades – Tem que estar sempre atento e ser capaz de perceber, no momento certo, as oportunidades de negócio que o mercado oferece;
- Conhecer o ramo – Quanto mais você dominar o ramo em que pretende atuar, maiores serão suas chances de êxito. Se você já tem experiência no setor, ótimo. Se não tem, busque aprender através de cursos, livros, centros de tecnologia, ou até com outros empresários;
- Saber organizar – Ter senso de organização e capacidade de utilizar recursos humanos, materiais e financeiros de forma lógica e racional. A organização facilita o trabalho e economiza tempo e dinheiro;
- Tomar decisões – Ser capaz de tomar decisões corretas no momento exato, estar bem informado, analisar friamente a situação e avaliar as alternativas para poder escolher a solução mais adequada. Essa qualidade requer vontade de vencer obstáculos, iniciativa para agir objetivamente, e confiança em si mesmo;
- Ser líder – Saber definir objetivos, orientar a realização de tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, incentivar pessoas no rumo das metas definidas e produzir condições de relacionamento equilibrado entre a equipe de trabalho em torno do empreendimento;
- Ter talento – E uma certa dose de inconformismo diante das atividades rotineiras para transformar simples idéias em negócios efetivos;
- Ser independente – Precisa soltar as amarras e, sozinho, determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos, decidir o rumo de sua vida, enfim, ser seu próprio patrão;
- Manter o otimismo – Nunca deixar de ter a esperança de ver seus projetos realizados, porque quem é bem informado conhece o chão que pisa e tem confiança em seu desempenho profissional.

E para fechar esse post, trago uma entrevista do empresário Carlos Alberto Sicupira dado a Época Negócios em novembro de 2009.

Sicupira é um dos controladores da Anheuser-Busch InBev e presidente do conselho da Lojas Americanas. Ele diz que pensar grande é o melhor antídoto contra os principais erros do empreeendedor brasileiro: visão de curto prazo e acomodação. Conta, também, que nunca viveu o dilema de ser funcionário ou patrão. “Mesmo nos momentos em que tinha patrão, eu achava que era dono do que estava fazendo.”

“Não acredito em braço direito. Acredito em estar junto a pessoas melhores do que você, com qualidades e conhecimentos diferentes dos seus”.

Quais são suas maiores influências?
Meus dois sócios, Jorge Paulo e Marcel, a quem aprendi a admirar pelas razões mais diferentes, e o Sam Walton [fundador do Wal-Mart], pela simplicidade, humildade e consistência em tudo o que fazia, do Wal-Mart à sua família, passando pelo esporte.

Antes de 1973, quando chegou à corretora Garantia, convidado por Jorge Paulo Lemann, o senhor viveu alguma vez o dilema clássico entre ser funcionário e patrão?
Nunca tive esse dilema. Mesmo nos momentos em que tinha patrão, eu achava que era dono do que estava fazendo.

O senhor se formou em administração de empresas. Essa formação é essencial para quem quer empreender?
A formação em administração ajuda, pois você tem contato com assuntos como contabilidade, mas não faz grande diferença. O que realmente importa é a vontade de fazer. Você não ter noção de administração faz parte de empreender, que é lidar com a escassez, nesse caso de um conhecimento específico. Provavelmente, outra formação te trará algum conhecimento que será uma escassez para o administrador.

O senhor ganhou fama de ser um líder durão, que não hesita em “bater de frente com o problema” quando julga necessário. Este é um atributo que um líder precisa ter ou a boa administração tem lugar para gestores mais “bonzinhos”?
Não sei o que é ser durão ou o que é ser bonzinho. O que sei é que, quando você tem um problema, tem de resolver logo, pois ele vai crescer, e o pior que pode acontecer a uma organização é gastar energia resolvendo problemas em vez de andar para a frente. Como diz o Marcel, “prefiro ficar vermelho uma vez na vida a ficar amarelo a vida inteira”.

Como foi que o senhor se aproximou do movimento de apoio ao empreendedorismo, em geral, e em particular da Endeavor, que trouxe para o Brasil?
Fui procurado pelos dois jovens fundadores da Endeavor nos Estados Unidos e vi que uma iniciativa como essa poderia acelerar o processo aqui. Como empreendedor, pude ver o poder de influência do empreendedorismo nos diversos públicos com os quais ele interage – sócios, colaboradores, fornecedores, clientes e até o governo, no sentido de melhorar a vida de todo mundo, o que no fim ajudará o negócio do empreendedor.

O senhor apoia empreendedores não só como conselheiro da Endeavor trabmas também alhando como mentor. Há uma mensagem comum que procura passar aos empreendedores com quem se relaciona?
Sonhe grande, cerque-se de pessoas melhores do que você e trate todo mundo da forma como gostaria de ser tratado. Esta é a mensagem que a Endeavor tenta passar, mostrando ao empreendedor que ele pode fazer algo maior do que imagina e mostrando alguns caminhos para chegar lá. Quando isso acontecer, usaremos esse empreendedor como exemplo, para mostrar o que é possível ser feito, incentivando mais gente a sonhar grande e fazer acontecer.

A “cultura Garantia” pode ser resumida pela soma de meritocracia para valer, forte preocupação com a formação de líderes dentro de casa e transformação de funcionários em sócios. Como começar uma empresa do zero com esses valores em prática?
No fim, as três condições na sua pergunta se resumem a dar a oportunidade para a pessoa certa e reconhecer quando a oportunidade é totalmente aproveitada. Assim, o começo fica mais fácil e te possibilita chegar lá mais rápido.

Do recrutamento às promoções, a cultura de vocês sempre privilegiou “gente que gosta de ser dona” e “entrega resultados”. Como um empreendedor com um negócio novo consegue gente assim?
Acho que num negócio menor ou que está começando é até mais fácil fazer isso. Quando o negócio cresce e fica grande é que se precisa de muita disciplina para manter esses ideais. Para atrair as melhores pessoas, você tem de dar a elas uma garantia de que terão grandes oportunidades e de que o crescimento na organização depende exclusivamente delas.
Virou chavão repetir estatísticas sobre a alta mortalidade de empresas brasileiras em seus primeiros anos de vida. Quais os principais erros que o empreendedor brasileiro comete? E como evitá-los?
Empreender é lidar com a escassez de alguns dos fatores necessários para construir alguma coisa, seja dinheiro, conhecimento, gente ou até mesmo um mercado aparente. Quando o empreendedor falha é porque ele subestimou os problemas ou não sonhou grande o suficiente para tornar esses problemas menores. Dois dos principais erros que o brasileiro comete são o pensamento de curto prazo e a acomodação. Muitos empreendedores drenam a empresa para enriquecer mais rápido e não percebem que estão matando o negócio. Outros se acomodam, perdem a “faca nos dentes” e acabam sendo engolidos pelo mercado. O sonho grande evita cometer esses dois erros. Falhar não é monopólio do empreendedor brasileiro. Nosso nível de erro não é diferente do de outros países. O que pode levar a essa conclusão é comparar resultados de estatísticas diferentes.

Se um jovem pergunta que tipo de negócio deve abrir hoje, o que o senhor responde?
Procure, de alguma forma, fazer o que ainda não foi feito. No Brasil, temos a enorme vantagem de poder copiar de países mais avançados, diminuindo assim o risco ou o custo de inventar a roda. Importante também é que você procure algo que te dê prazer, que te divirta e, portanto, te estimule a se dedicar muito, para fazer cada vez mais e melhor, todos os dias.

Costuma-se dizer que o brasileiro empreende mais por necessidade do que por desejo ou vocação. O senhor concorda?
Na verdade, o que chamamos de empreendedor por necessidade é o emprego informal ou a micro e pequena empresa, que não têm nada a ver com o empreendedorismo de que estamos falando, que gera empregos, dá oportunidades e tem sonhos de crescer, e não simplesmente de sobreviver.

Em que estágio o Brasil está, comparativamente, em termos de desenvolvimento do empreendedorismo?
Gosto sempre de comparar com o melhor, que no caso de empreendedorismo são os Estados Unidos. Estamos muito longe, mas já temos um volume [de empreendedores] que começa a gerar impacto positivo na sociedade brasileira. Este ciclo virtuoso começou em 1994, com o processo que erradicou nossa inflação crônica. Até então, empreender era a rara exceção. Todo mundo só pensava no que fazer para sobreviver amanhã, não dava para sonhar em construir para o futuro.

Uma dúvida recorrente entre empreendedores é como recrutar “braços direitos”. O que a sua experiência diz sobre o desafio de trazer para dentro da empresa pessoas para funções estratégicas, como a área financeira?
Não acredito em braço direito. Acredito em se juntar a pessoas melhores que você, com qualidades e conhecimentos que você não possua. Isto pode funcionar para qualquer área do negócio. Para mim, todas têm a mesma importância.

O que dizer a alguém que abriu um negócio a partir de uma ideia e se vê na obrigação de liderar pessoas, sem nunca ter se preparado para isso? Todo empreendedor tem de aprender a ser líder?
Se esse empreendedor vai começar um negócio, vai ter de liderar e, para tanto, tem de querer e ir se preparando ao longo do caminho. Quanto a motivar o time, uma das qualidades que você tem de procurar nas tais “pessoas melhores que você” é a automotivação.

Como motivar as pessoas em uma empresa nova e pequena, que vai demorar anos para sair do vermelho e, portanto, não tem, financeiramente, o que distribuir?
As boas pessoas são movidas por grandes sonhos. Metas arrojadas nada têm a ver com estar no azul. Num negócio começando, por exemplo, uma meta arrojada de dobrar as vendas pode não significar sair do vermelho. Se não houver dinheiro para distribuir, pode haver outras formas de reconhecimento. O maior deles é [deixar claro] que as pessoas que realmente estão fazendo a diferença são as que vão se dar bem no futuro, junto com o empreendedor, que também não está recebendo nada naquele momento.

Empreendedores cujas empresas já vingaram na própria “freguesia” se veem diante do desafio de se expandir geograficamente. Há uma fórmula para transplantar o sucesso conseguido, digamos, em São Paulo para o Rio Grande do Sul ou para o Ceará?
Não há fórmula para determinado local. É tudo igual. Com países, é a mesma coisa. O que você precisa é entender o mercado local e ter fé que os seus valores são bons para todo mundo, em qualquer lugar.

Na hora da internacionalização, o que sua experiência ensina sobre a busca de parceiros?
Dificilmente culturas fortes e bem estabelecidas darão certo com parceiros. São raríssimos os casos disso funcionar.

Uma pesquisa recente mostra que há cada vez mais jovens empreendedores no Brasil, mas eles são pouco inovadores. A taxa de inovação das jovens empresas brasileiras é a menor entre 30 países pesquisados. Por que é mais difícil ser inovador no Brasil?
Inovação nada mais é do que fazer alguma coisa que beneficie, de alguma forma, o consumidor. O investimento em pesquisa no Brasil é baixíssimo. Ele começa a existir, mas, em geral, não é dirigido a nada. Isto só não é verdade na agroindústria, onde a pesquisa é focadíssima, resultando em muitos empreendimentos inovadores na área. Principalmente quando os recursos são poucos, o foco tem de ser maior. Sem pesquisa acadêmica focada em áreas onde poderemos ter diferenciais competitivos será muito difícil que apareçam empreendedores inovadores numa escala que faça a diferença. Esse é um dos fatores que poderiam diferenciar o país.

A baixa taxa de inovação tem relação com a falta de educação de qualidade no Brasil. O ensino é deficiente em todos os níveis e, mais especificamente, não há nada como Stanford, uma universidade devotada ao empreendedorismo. Como se muda isso?
Tudo começa com um ensino fundamental de qualidade para todos, e assim por diante, em toda a cadeia de educação. Ter uma Stanford só não resolveria o nosso problema. O país é muito grande para dar um salto com poucas ilhas de excelência, que até já existem. Temos os recursos. Falta uma melhor administração para chegar lá. Será uma estrada longa, na qual estamos dando os primeiros passos.

A maior parte dos negócios abertos por aqui gira em torno de franquias. Drogarias, redes de fast-food etc. Falta criatividade, talento, dinheiro ou imaginação?
Há uma grande diferença entre [apenas] empreender e empreender algo com grande impacto na sociedade. Tem mercado para o primeiro, mas a transformação vem por meio da amplificação da influência que o empreendedor terá.

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